As dificuldades e reflexos da pandemia, os aprendizados e as oportunidades ao agronegócio brasileiro. Esses foram alguns dos temas centrais debatidos em live organizada pela Câmara Júnior de Cascavel e de Medianeira com três dos principais líderes cooperativistas do Paraná. Por quase duas horas na noite de quarta-feira, Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, Elias Zydek, diretor-executivo da Frimesa, e Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar, debateram sobre questões atuais no 1º Fórum do Agronegócio.

Consensos relevantes foram apresentados durante as falas dos três líderes, entre elas sobre a importância de o setor agroindustrial ser considerado essencial, da incorporação de novos hábitos sanitários aos já rigorosos processos observados nas plantas industriais, da urgência de investimentos em infraestrutura e quanto ao papel determinante reservado ao Brasil como grande exportador de alimentos. Eles destacaram também sobre a peso do agronegócio para a economia nacional e para o superávit da balança comercial. Em 2020, 56% dos resultados da balança vêm das exportações do agro.

O Paraná desempenha papel importante no contexto das exportações brasileiras e o Oeste é a região do Estado com maior contribuição. “Nosso valor é agregado e isso significa três, quatro vezes mais resultado na comparação com a exportação de grãos”, destacou Dilvo Grolli, apontando para outra característica paranaense: “Temos 380 mil propriedades rurais e 75% delas são pequenas, justamente o foco central das cooperativas”, afirmou. O movimento cooperativista contribui para organizar as propriedades rurais. Com mais informação e tecnologia, o agricultor produz mais, melhor e otimiza custos e resultados.

Pandemia
As cooperativas sempre deram atenção especial às questões sanitárias, mas com a pandemia os cuidados foram ampliados e já incorporados ao cotidiano de cada uma delas. Elias Zydek informou que dois fatores colaboram para os bons resultados do agronegócio e dos avanços sentidos no Oeste do Paraná. O primeiro de o Ministério da Agricultura classificar o setor como essencial, por produzir alimentos, e o segundo a peste suína que dizimou planteis na China e elevou a demanda mundial por proteínas. Um dos desafios, lembra Zydek, foi adaptar rapidamente o portfólio das empresas diante das medidas de isolamento e restrições que paralisaram internamente por meses restaurantes, hotéis e outras estruturas gastronômicas.

Um dado mostra o tamanho do prejuízo ao campo e ao agronegócio caso o segmento tivesse que suspender as suas atividades. Irineo da Costa Rodrigues destacou que a Lar tinha em determinado momento 126 milhões de animais no campo que precisavam cumprir o seu ciclo. Esse setor é diferente de uma empresa que vende produtos não perecíveis, por isso ele não pode, como alguns tentaram, ser paralisado. A pandemia mostrou para mais gente o que é e a relevância do agronegócio e evidenciou o lado social e solidário das cooperativas. “Ajudamos em várias frentes, como na doação de álcool a unidades de saúde, de alimentos e também na destinação de recursos para melhorar a estrutura de hospitais públicos”, disse Irineo.

Sanidade e investimentos
Dilvo, Zydek e Irineo fizeram menção especial aos trabalhos liderados pela Caciopar, Programa Oeste em Desenvolvimento e governo estadual de preparar terreno para a região e o Estado serem áreas livres de aftosa sem vacinação. O reconhecimento, recentemente anunciado pelo Ministério da Agricultura, vai abrir novos mercados ao Estado. Os líderes entendem chegada a hora de os setores público e privado investirem em novos projetos produtivos para abrir oportunidades e movimentar a economia. As cooperativas e outras empresas do agro anunciam novos investimentos e esperam que o governo, por meio de obras de infraestrutura, faça a sua parte. Eles consideram imprescindível melhorar os modais de transporte, principalmente o ferroviário.

Com o aumento da população mundial, estimada em mais de 10 bilhões de pessoas em 2050, o mundo precisará de 60% a mais de alimentos na comparação com a produção de 2020. “E isso será uma grande oportunidade para a América do Sul e especialmente ao Brasil’, citou Dilvo Grolli. Ele citou a inovação como agente propulsor das produtividades alcançadas no País nos últimos 30 anos. Zydek destacou que o Brasil deve lidar melhor com as barreiras internacionais e buscar novos acordos bilaterais.

Irineo lembrou que há 40 anos a indústria respondia por 45% do PIB nacional e hoje por 14,5%, por outro lado o agronegócio saltou, nessas quatro décadas, de 10% para 40% de participação no Produto Interno Bruto brasileiro. E quanto ao potencial de crescimento de oferta de alimentos nos próximos sete anos, o Brasil lidera o ranking com 41%, seguido da China com 15%, da União Europeia com 12%, dos Estados Unidos com 10%, do Canadá e da Austrália com 9% e da Rússia com 7%. A live, mediada pelo jornalista Diego Krüger, foi encerrada com os três líderes cooperativistas respondendo a questionamentos dos internautas.

Legenda: Transmissão pelas mídias sociais da JCI de Cascavel e Medianeira

Crédito: Jean Paterno