Garapen
O papel das agências no desenvolvimento do território
A capacidade de empreender e de se reinventar faz do homem um ser movido pela superação. Sob a ótica certa, crise pode ser sinônimo de oportunidade e de enxergar novas possibilidades de negócios e parcerias. De uma delas nasceu a Garapen, uma espécie de central que congrega 32 agências de desenvolvimento no País Basco, uma das regiões com as melhores taxas de crescimento e renda per capita da Europa. O ex-presidente da Garapen e atual diretor de uma empresa privada de estratégias municipais, Roberto Martínez de Guereñu, esteve na Acic para encontro com representantes de 65 entidades que compõem o Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel.
A Garapen foi criada em 1993 como resposta a um momento econômico difícil para a Espanha e que também mergulhou parte do velho continente em uma crise. A solução veio a partir de reflexões profundas sobre maneiras possíveis de gerar oportunidades e bem-estar à população. “A resposta não poderia ser outra do que compartilhar estratégicas de desenvolvimento”, informa Roberto. O norte do processo de criação de agências, que hoje são 32 em uma área territorial do tamanho do Oeste do Paraná (de cerca de 20 mil quilômetros quadrados), é o de tornar o desenvolvimento das cidades o mais competitivo possível. “Um dos passos iniciais é se conhecer profundamente, entendendo suas vocações, potencialidades e possibilidades”, diz Roberto.
O desenvolvimento do País Basco em apenas 20 anos surpreende. A Espanha tem 44 milhões de habitantes e oito mil municípios, desses dois milhões de pessoas estão em 253 cidades nessa região que faz divisa com a França.
O ponto de partida do projeto que gerou as agências foi a busca pela confluência interna de interesses, envolvendo todas as forças do território. “A sinergia passa pela definição de valores e de resultados às comunidades diretamente envolvidas”. Uma pergunta é fundamental no conjunto das ações: Quem somos e quem queremos ser?
Roberto informou que há seis aspectos centrais para o incremento competitivo de um território: mão de obra qualificada, custos de energia e insumos competitivos, vantagens fiscais, estabilidade socioeconômica, infraestrutura de qualidade, estabilidade econômica e garantia financeira da cadeia de valor nos diferentes segmentos produtivos. A integração é uma ferramenta fundamental para que o trabalho dê certo e os resultados apareçam, informou o espanhol. O desenvolvimento local tem como premissas a organização, o planejamento estratégico, a sinergia e a definição do papel de todos os atores no projeto.
Agências
Uma das atribuições das agências, além de refletir e integrar os protagonistas das mudanças almejadas, é de garantir condições mínimas e necessárias para que as propostas priorizadas aconteçam na prática. Três aspectos têm peso relevante nisso, conforme Roberto: custos baixos, marca e tecnologia, condições que se espera de empresas competitivas e que, por meio da criatividade, inovação e qualidade dos seus produtivos, atraiam recursos ao território. Um exemplo de sucesso do País Basco vem de uma atividade que, até recentemente, rendia muito abaixo do que realmente poderia, a fabricação de queijos. São 125 produtores e todos têm marca própria e selo de qualidade emitido pelo território.
Uma dica importante aos representantes das entidades que formam o Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel é quanto à unidade e foco para o planejamento. A junção disso fará com que a marca então seja continuamente fortalecida. “A marca é o processo final de um amplo esforço de autoconhecimento”, definiu Roberto. Políticas públicas sólidas e eficientes e o compromisso com o que foi estabelecido também são regras para o sucesso de uma agência. A melhor definição de compromisso, conforme o espanhol, é o transformar em realidade. É cumprir com o prometido mesmo que, no percurso da ação, ocorram imprevistos e circunstâncias adversas.
Ao ser questionado sobre mais características de marca e sua importância, Roberto explicou que o mundo pós-moderno é movido por elas. E não só as empresas precisam encontrar a melhor e a mais eficiente forma de comunicação com o mercado, mas cada pessoa precisa entender que sua forma de agir e de ser diante dos fatos e em público constrói a marca individual. No âmbito de território, seguiu ele, o objetivo é fazer com que todos se identifiquem com avanços, prosperidade e se sintam orgulhosos de pertencer àquele lugar. Comunicação e promoção precisam convergir para o êxito do conjunto.
Garapen
A Associação dos Países Bascos de Desenvolvimento Local tem funções específicas, que se aliam às regras centrais de cada agência. Entre elas estão contribuir para orientações de ocupação do solo, dar suporte a planos urbanísticos, dotar territórios de atividades econômicas, estimular a inovação, a qualificação contínua, prever e antever cenários e estar preparado para enfrentá-los. Outro aspecto é quanto a garantias de segurança e de buscas para equilíbrio em empreendimentos e políticas públicas.
Legenda
O espanhol Roberto Martínez, que participou de encontro com representantes das entidades do Conselho de Desenvolvimento
Legenda
Representantes das entidades que compõem o Conselho participaram do encontro que mostrou experiências de agências espanholas
Legenda
O engenheiro Edson Vasconcelos, presidente do Conselho de Desenvolvimento: o desafio de equilibrar bem-estar e desenvolvimento econômico
Crédito: Assessoria